Este blog tem o intuito de trabalhar fatores extralinguísticos, focando no tema Semântica e Estilo: Metáfora e Metonímia.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Por Sírio Possenti - O Estado de S.Paulo 04/04/2009
Metáforas e
metonímias oficiais
O segredo de Lula é usar terno e
macacão ao mesmo tempo. Às vezes, um aparece no lugar do outro
Por Sírio Possenti
Quase ao final do Roda Viva de
30/03/2009, um entrevistador perguntou ao vice-presidente, José Alencar, se é
possível que ele e Lula apoiem candidatos diferentes em 2010. Em resposta,
Alencar contou uma longa história que envolvia quatro antigos jornalistas
esportivos do Rio, torcedores do Flamengo, do Fluminense e do Botafogo. Haveria
um jogo entre Vasco e Bangu, nos dias seguintes e a única chance de um dos três
clubes ser campeão era a derrota do Vasco. Discutiram longamente a
possibilidade de isso acontecer e, não tendo chegado a um acordo, foram ouvir
Neném Prancha. Expuseram-lhe o "problema". Ele pensou, pensou, pensou
e, finalmente, disse: "Em sendo a bola redonda, tudo é possível". O
vice riu, a bancada gargalhou.
Se a história tivesse sido contada por
Lula em resposta a pergunta análoga, não faltaria quem dissesse que ele só fala
por metáforas (análise errada, consagrada desde as menções ao tempo que
jabuticabeira leva para produzir jabuticabas) e em geral as busca no futebol.
Mas, sendo Alencar, louvar-se-á a habilidade mineira diante de uma pergunta
incômoda.
Uns podem, outros não. É uma velha
regra, que permite a Obama dizer "esse é meu chapa" e a Michelle
abraçar a rainha, mas não vale para Lula. Lula erra, Obama faz estilo. Lula é
ignorante, Obama é informal. A mesma coisa é outra, conforme se trate de um ou
de outro cidadão. Levada ao extremo, a regra se enuncia todos os dias e está em
música (imperdível) de Ary Toledo: rico correndo é atleta, pobre correndo é
ladrão.
Que Lula não é letrado já sabemos. Não
há razão para esperar que cite Montaigne ou Weber. Mas é bom analisar um pouco
melhor o que diz e o estilo de que se vale, se se quiser entender melhor - se
interessar, para combatê-lo - se o conjunto revela suas posições, estratégias
diversas para públicos diferentes, possíveis contradições, se são eleitoreiras
ou uma forma de governar, se isso é bom para a democracia, etc. Mas esqueçam um
pouco a gramática (aliás, o Manual de Redação), por favor!
A questão do ajuste às diversas
plateias, aparentemente um bom problema, é hoje menos relevante, já que falas
de governantes, sejam proferidas onde forem, se destinam à mídia. Uma coisa é o
repórter ou o cidadão que o ouve nos palanques. Bem outra é o verdadeiro
destinatário, que o verá e ouvirá nos jornais.
Suas metáforas são insuportáveis? Pode
ser. Eu posso não gostar, frequentemente não gosto, posso achar repetitivas ou
simplórias, mas quem disse que ele fala para mim? A queixa esconde duas
expectativas: a) ele deveria falar conosco, mas prefere falar com eles; b) um
presidente deveria ser mais fino. Nos tempos de Collor x Lula, uma jornalista
declarou preferência por Collor porque não envergonharia o Brasil em recepções
oficiais. Referia-se ao uso de guardanapos!
Mas há algo de insuportável nesse assunto,
que se repete há anos: as falas de Lula são genericamente classificadas como
metáforas. Até Alencar fez isso, na mesma entrevista. Claro, deve haver muitas
(o linguista Roman Jakobson mostrou que metáfora e metonímia são as leis
básicas da língua), mas o que se classifica aqui de metáfora quase sempre foi
outra coisa.
Talvez se devesse começar por um
esboço de classificação das falas de Lula. Simplificando muito: há pequenas
"parábolas", gafes, quebras de etiqueta (ou sinceridade inusitada) e
passagens que podem lembrar metáforas, mas são mais propriamente comparações
(como agora mesmo, no G-20, quando disse, pela enésima vez, que estamos num
barco que faz água e temos que jogar a água fora e consertar o barco, senão
afundamos). É bem menos chique do que febre de consumo e economia sadia... E,
sim, eventuais metáforas.
As repetidas explicações de Lula para
o que não acontecia em seus primeiros meses de governo - sobre o tempo que uma
jabuticabeira leva pra dar jabuticabas ou uma mulher para dar à luz - não são
metáforas. São comparações. Ambas têm efeitos parecidos, mas uma coisa é dizer
"o país acaba de engravidar" e outra é dizer "um governo é como
uma gravidez". Gente sábia deveria saber... Exigir um pouco de precisão de
nós mesmos - não só dele (s) - seria um bom começo.
Dizer da capital da Namíbia que é uma
cidade limpinha é uma enorme gafe, e revela uma representação absolutamente
estereotipada da África, mesmo que fosse verdade, como disseram alguns
auxiliares, que ele queria combater o estereótipo. De qualquer forma, uma
análise mais fina não faria mal.
Há expressões que estão no limite
entre um discurso e outro. Quando disse que d. Marisa engravidou na primeira
noite porque pernambucano não deixa por menos, foi pura gabolice besta. Ver aí
machismo é superinterpretação. Só foi pouco fino. Pelo menos, ninguém falou em
metáfora (embora "primeira noite" seja uma). É um ganho.
Chegou-se a ver racismo na declaração
de Lula culpando brancos de olhos azuis pela atual crise. Não há um discurso
racista, uma memória racista, que pretenda basear-se na suposta incapacidade de
brancos, por serem brancos, de gerir instituições financeiras. O sentido da
declaração é "parem de acusar os habitantes do Hemisfério Sul (ou
"não os culpem pelo menos desta vez"), ora por causa do clima, ora
por causa "das raças", de serem, por isso, incapazes de se governar,
ou de serem, por isso, mais corruptos. E, definitivamente, "brancos de
olhos azuis" não é uma metáfora. É uma metonímia - parte pelo todo, já que
nem todos os de lá são brancos de olhos azuis.
"Tsunami" e
"marolinha" são metáforas (enfim!): uma palavra por outra, melhor
ainda, uma palavra de um campo por outra de outro campo. Dita por um francês ou
por um acadêmico, é uma figura de linguagem. Por um brasileiro, ex-operário, é
vício de linguagem. Ah, as gramáticas e os manuais!
Certamente, as falas de Lula são
"populares" - em mais de um sentido. Nos palanques, lembra os
animadores de auditório. Profere comparações e expressões do dia a dia,
avaliadas negativamente em função da imagem que temos da figura presidencial.
"Sifu", forma destinada a evitar um palavrão, foi analisada como se
fosse um. Sua última fala "chocante" desapareceu, soterrada por Obama
falando de Lula como se fosse um companheiro de quadra. Caso contrário, teria
alcançado repercussão bem maior e negativa sua declaração de que, numa reunião
como a do G-20, "você não faz negociação com o pé na parede, dá ou desce,
existe uma negociação". Expressão informal? Grosseira? Pode achar. Mas não
é uma metáfora.
Acho que o segredo de Lula é que usa
terno e macacão ao mesmo tempo. Ora sua roupa de baixo é o terno, ora o
macacão. Às vezes, o macacão aparece quando está de terno. E vice-versa.
Eu acho que isso é uma metáfora.
O Estado de S.Paulo - 04 de abril
de 2009
Metáfora e Metonímia Presente Nas Músicas
Metáfora
e Metonímia Presentes Nas Músicas
Que País É Esse? (Paralamas do Sucesso)
Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita
A Constituição
Mas todos acreditam
No futuro da nação
Que país é esse? (2x)
No Amazonas
Na Araguaia, ia, ia
Na Baixada Fluminense
No Mato Grosso, nas Gerais
E no Nordeste tudo em paz
Só mesmo morto eu descanso
Mas o sangue anda solto
Manchando os papéis
Documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é esse ? (4x)
Terceiro mundo, se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos
Todas as almas
Dos nossos índios num leilão
Que país é esse?
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita
A Constituição
Mas todos acreditam
No futuro da nação
Que país é esse? (2x)
No Amazonas
Na Araguaia, ia, ia
Na Baixada Fluminense
No Mato Grosso, nas Gerais
E no Nordeste tudo em paz
Só mesmo morto eu descanso
Mas o sangue anda solto
Manchando os papéis
Documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é esse ? (4x)
Terceiro mundo, se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos
Todas as almas
Dos nossos índios num leilão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Fazendo uma
análise:
“No senado
Sujeira pra todo lado “
Sujeira pra todo lado “
É uma metáfora:
“Sujeira” para significar atos ilícitos, ilegais, desrespeitosos
“Mas o sangue anda solto”
“Mas o sangue anda solto”
É uma
metáfora e metonímia:
●Metáfora: “O sangue anda como se fosse um ser animal”
●Metonímia: “O sangue em lugar de morte, perigo”
“Documentos fiéis
Ao descanso do patrão”
●Metáfora: “O sangue anda como se fosse um ser animal”
●Metonímia: “O sangue em lugar de morte, perigo”
“Documentos fiéis
Ao descanso do patrão”
É uma
metáfora e metonímia:
●Metáfora: “Os documentos são fiéis ao descanso do patrão”
●Metonímia: “Os fiéis ao descanso ao patrão são os funcionários que produzem e mantêm os documentos”
“Mas o Brasil vai ficar rico”
●Metáfora: “Os documentos são fiéis ao descanso do patrão”
●Metonímia: “Os fiéis ao descanso ao patrão são os funcionários que produzem e mantêm os documentos”
“Mas o Brasil vai ficar rico”
É uma metonímia: as pessoas do Brasil
(os brasileiros) vão ficar ricos
“Quando vendermos todas as almas”
“Quando vendermos todas as almas”
É uma metáfora: As almas são
materializadas como mercadorias ou produtos para serem vendidos.
Qual A Diferença Entre Metáfora e Metonímia?
Qual
a Diferença Entre Metáfora e Metonímia?
Métafora é uma figura de estilo (ou de linguagem) construída a
partir de uma comparação implícita: "Minha
vida é um palco iluminado" "Meu cartão de crédito é uma
navalha".
Nos dois exemplos acima, há comparação:
1. Vida = palco
2. Cartão de crédito = navalha.
Os autores desses versos, ao estabelecerem a comparação,
expressaram uma relação de semelhança entre os dois termos da comparação,
relação essa subjetiva, resultado de sua imaginação, de sua percepção
particular da realidade. Observe também que os autores não usaram as palavras
que normalmente usamos para fazer uma comparação: "é... como...",
"é tão... como..."; por isso dizemos que a comparação está implícita.
Para entendermos uma metáfora numa música ou poema, devemos saber ler a comparação
implícita, visualizar a imagem que ela nos desperta.
Carlos Drummond de Andrade escreveu num verso uma metáfora muito
original e subjetiva:
"O tempo é uma cadeira
ao sol...". – Carlos Drummond de Andrade
Não é preciso explicar,
apenas entender a sensibilidade do poeta e saborear a imagem dessa belíssima
metáfora. A metonímia consiste na substituição de um termo por outro com o qual
mantém uma relação de significado. Essa relação pode ser de vários tipos:
continente pelo conteúdo, autor pela obra, a marca pelo produto, a parte pelo
todo, o efeito pela causa etc. Exemplos:
"Meu pinho toca forte que é pra todo mundo saber..."
(Chico Buarque)
●Pinho é a madeira de que é feito o violão;
"Ele só lê Machado de Assis"; "O bonde passa cheio
de pernas..." (Carlos Drummond de Andrade).
Observe que a metonímia não é uma comparação como a metáfora.
Substituímos uma palavra por outra por uma relação de contiguidade
("vizinhança"). Quando construímos uma metáfora, substituímos uma
palavra por outra por uma relação de similaridade (semelhança). Os apelidos são
bons exemplos para esclarecer essa diferença - podemos chamar alguém de Bigode,
porque ele tem um admirável bigode: trata-se de uma metonímia.
Mas se uma pessoa se parece com um cavalo, tem cara de cavalo, e a
apelidamos de Cavalo, estamos utilizando uma metáfora.
O que é Metonímia?
Metonímia
Leia o poema “A laçada”, de Oswald
de Andrade.
“O Bento caiu como um touro
No terreiro
E o médico veio de Chevrolet
Trazendo o prognóstico
E toda a minha infância nos olhos”.
No terreiro
E o médico veio de Chevrolet
Trazendo o prognóstico
E toda a minha infância nos olhos”.
No terceiro verso, o eu lírico,
em vez de empregar a palavra “carro” preferiu utilizar “Chevrolet”, mantendo
entre elas uma relação de inter-dependência, já que “Chevrolet” é uma marca de
carro. Temos assim a metonímia, uma figura que consiste em usar uma palavra no
lugar de outra, mantendo uma relação de implicação mútua, nesse caso, a
substituição do produto pela marca.
Observe este outro exemplo de
metonímia:
“Trabalhava ao piano, não só Chopin como ainda os
estudos de Czerny”. (Murilo Mendes)
Nesse caso, uma relação de
causa-efeito permitiu que o poeta usasse a palavra Chopin (compositor de uma
partitura musical) para designar a própria partitura (a obra “causada” pelo
autor).
A metonímia ocorre quando
empregamos:
- O efeito pela causa ou vice-versa: “Conseguiu sucesso com determinação
e suor” (trabalho).
- O nome do autor pela obra: “Ler Guimarães Rosa é
um projeto desafiador” (a obra).
- O continente (o que está fora) pelo conteúdo (o que está
dentro): “Bebeu só dois copos e já saiu
cambaleando” (a bebida).
- O substantivo concreto pelo abstrato: “Tratava-se de um papo-cabeça”
(intelectual).
- O abstrato pelo concreto: “Era difícil resistir aos encantos
daquela doçura” (pessoa meiga, agradável).
- A marca pelo produto: “Comprei uma caixa de Gilette”
(lâmina de barbear).
- O instrumento pela pessoa: “Quantos quilos ela come por dia?
Quilos? Não sei, mas ela é boa de garfo” (o instrumento utilizado para comer). (Luiz Vilela) - O lugar pelo produto: “Queria tomar um Porto fervido
com maçãs” (o vinho).
- O sinal pela coisa significada: “O trono
inglês está abalado pelas recentes revelações sobre a família real” (o governo
exercido pela monarquia).
- O singular pelo plural: “O brasileiro tenta
encontrar uma saída para suportar a crise” (um indivíduo por todos).
- A parte pelo todo: “Enormes chaminés
dominam os bairros fabris da cidade inglesa”. (fábricas)
- A classe pelo indivíduo: “Depois desse episódio, não acredito
mais no Juizado brasileiro” (os juízes).
- A matéria pelo objeto: “O jantar foi servido à base de porcelanas e cristais”
(matéria de que é feito o objeto).
No cotidiano, a metonímia é
também é muito empregada para orientar usuários em guias turísticos, terminais
de transportes, ginásios esportivos, postos de gasolina e rodoviários, etc.
Eles vêm em forma de criptogramas, imagens ou grupo de imagens que integram uma
escrita sintética, resumida.
Uma peça publicitária em sua
mensagem utiliza recursos estilísticos que reforçam a retórica. Na elaboração
de um texto publicitário há a utilização de tropos convencionais e não
convencionais, tropos são sinônimos de figura de linguagem.
Os tropos são utilizados para
reforçar o apelo por um produto ou serviço,
persuadir o público receptor e realçar a descrição do conteúdo publicitário.
Entre os tropos clássicos (convencionais) destacamos o uso da metáfora, metonímia, sinédoque, lítotes e ironia.
A palavra metáfora significa
transporte, é uma analogia implícita; a metonímia é quando se designa algo com
o nome de outra coisa; sinédoque é uma inclusão de termo; lítotes é afirmar
negando o contrário; ironia é o emprego de expressão com sentido oposto ao
sentido próprio.
Na publicidade há também o uso de fórmulas fixas: citações, clichês, frases feitas
e contrafeitas. Por exemplo: “Lugar de geladeira (mulher) é na cozinha”.
O trabalho de persuadir o
destinatário da mensagem publicitária tem como objetivo transformá-lo em
consumidor potencial. A publicidade realiza um jogo de
sedução que utiliza a percepção humana, sob ligação com o produto em oferta.
O texto publicitário
é uma das ferramentas no trabalho de persuasão e sedução, além da imagem, som,
detalhes do produto, entre outras. A mensagem publicitária, dentro de um planejamento estratégico que visa adequar a melhor linguagem e o que a empresa
necessita divulgar, organiza o que o produto quer oferecer, facilita a
memorização, recupera e mantém a reputação de uma marca/empresa.
O que é Metáfora?
O que é
Metáfora?
Metáfora:
é a palavra ou expressão que produz sentidos figurados por meio de comparações
implícitas.
|
"Amor é fogo
que arde sem se ver" - Luís de Camões
|
O
termo fogo mantém seu sentido próprio - desenvolvimento
simultâneo de calor e luz, que é produto da combustão de matérias inflamáveis,
como, por exemplo, o carvão - e possui sentidos figurados - fervor, paixão,
excitação, sofrimento etc.
Didaticamente,
pode-se considerá-la uma comparação que
não usa conectivo (por exemplo, "como"), mas que apresenta de forma
literal uma equivalência que é apenas figurada.
"Meu coração é um balde despejado" - Fernando Pessoa
Leia esses versos de Chico
Buarque:
“Sua boca é um cadeado
E meu corpo é uma fogueira”.
E meu corpo é uma fogueira”.
Observe que o eu lírico mantém
uma relação de similaridade entre os termos “boca” e “cadeado”, de modo que as
características do “cadeado” (fechado) sejam atribuídas à “boca”. O mesmo
ocorre entre os termos “corpo” e “fogueira” (ambos são quentes).
Existe
aqui uma transferência da significação própria de uma palavra, no caso aqui
“cadeado” e “fogueira”, para outra significação quem lhe convém graças a uma comparação
existente no espírito do autor, ou
seja, acontece de maneira implícita. A isso chamamos metáfora
Segundo
o Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa, a palavra deriva do latim "meta" algo e
"phora" sem sentido, e significa duas frases ligadas sem sentido, mas
que há cognitude consistida em desabrochar interesses.
Enquanto
a metáfora trabalha com os traços semânticos comuns entre duas ideias, a metonímia funciona
com a relação de contiguidade entre elas.
Pedindo
auxílio à teoria dos conjuntos, como fez Othon Moacyr Garcia em seu clássico "Comunicação
em Prosa Moderna", percebe-se que os traços de significados das
duas ideias comparadas entram em intersecção na
metáfora.
Por
exemplo(subjetivo): um gato é
um quadrúpede, mamífero, felino, que
mia e é considerado sensual. Um moço é bípede, mamífero, humano, fala e
pode ser sensual. Ao compararmos os dois com a metáfora "Esse
moço é um gato", o traço de significado que provavelmente estaremos
colocando em intersecção é apenas o traço sensual.
Já na
metonímia, as duas ideias não se superpõem como na metáfora, mas estão
relacionadas por proximidade.
Por
exemplo, as expressões: 1- "sem-teto", 2- "Tomou o copo
todo", 3- "Adoro ler Veríssimo" são metonímias, respectivamente,
porque:
1- O termo teto está
em relação de contiguidade com o resto da habitação. É uma das suas partes, e
na expressão substitui o todo "habitação". (Um sem-teto geralmente
também não tem o restante da habitação - a porta, as janelas, as paredes, o
chão.)
2- O termo copo normalmente
contém alguma bebida e é usado no lugar da bebida que contém. (Ninguém consegue
beber o copo)
3- O termo Veríssimo é
usado no lugar dos livros e crônicas do autor. (A pessoa gosta dos textos do
autor; é impossível ler uma pessoa).
Diferente
da metonímia, outras figuras de linguagens como a personificação e a hipérbole mantêm
com a metáfora uma relação de união semântica, não podendo assim ser totalmente
dissociada uma da outra. É como se tais figuras fossem “metáforas especiais”.
Se observarmos a frase: “ Neste dia ensolarado, o mar me convida ao seu
encontro e as ondas querem me abraçar”, temos a metáfora na comparação sem o
conectivo: O dia está tão lindo e o mar tão bom que é “como se” ele me
convidasse para o mergulho e ondas estão tão movimentadas que “parecem” querer
me abraçar. Existe também, de forma simultânea, a personificação, uma vez que
“convidar” e “abraçar” são ações próprias de pessoas e não de seres inanimados
como o mar ou as ondas.
O mesmo
ocorre com a metáfora e a hipérbole. Vejamos essa outra frase: “Chorei um rio
de lágrimas”. A metáfora está na comparação sem o conectivo: O choro era tão
intenso e as lágrimas tantas que era “como se fossem iguais” às águas de um
rio. Isso também forma, de maneira simultânea, a hipérbole, ora, não se pode alguém
chorar um rio de lágrimas, por essa ser uma quantidade de lágrimas impossível
de alguém produzir por lacrimação. Registra-se aí, nitidamente, o modo
exagerado de se expressar.
É
importante observar, entretanto, que nem sempre a metáfora será uma personificação
ou hipérbole (“A minha pequena é uma flor” entenda-se aí uma "metáfora
pura": ela tão delicada, bonita, cheirosa “quanto uma flor é”), mas muito
frequntemente o contrário se confirma: a personificação ou hipérbole serão
também metáforas. Assim como também outras figuras de linguagem consideradas
semânticas como a catacrese e a sinestesia.
Outros exemplos:
“O fogo dançava com a chuva” (
Metáfora = personificação)
“ A lua roubara todo o seu
brilho, naquela noite” (Metáfora = personificação)
“ Eles morreram de rir com a
peça”. (Metáfora = hipérbole)
“ Choveu mais de meia hora sem
parar, foi um dilúvio!” (Metáfora = hipérbole).
terça-feira, 6 de novembro de 2012
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